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Autor: Dr. Daniel Panarotto

Tempo de leitura: 6 min.

O número de casos do câncer de tireoide está aumentando muito, devido ao aumento do número de solicitações de ecografia de tireoide (muitas vezes sem indicação) e de cabeça e pescoço.


A tireoide é uma glândula responsável por produzir hormônios que atuam na regulação do nosso metabolismo. O câncer de tireoide se manifesta quando surgem tumores na glândula.


Uma pesquisa feita em 2018 pelo INCA (Instituto Nacional do Câncer) apontou que o câncer de tireoide é o quinto tumor mais frequente em mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste do Brasil.


Com mais de 95% de chance de cura, quando descoberto em estágio inicial pode ser tratado.

 

Tipos de tumor

O câncer de tireoide atinge em média três vezes mais mulheres do que homens, na faixa de 20 a 65 anos. Dentre os casos, existem tipos diferentes de tumor que variam de acordo com as células afetadas:


– Carcinoma Papilífero: ocorre em 80% dos casos de câncer na tireoide, tem um crescimento lento, se desenvolvendo em apenas um lobo da glândula, mas pode ocorrer em ambos. Em geral não dá metástases à distância, e sim metástases locais. Tem um alto índice de cura, com os tratamentos bem feitos. 

– Carcinoma Folicular: tipo menos frequente, mas com um bom prognóstico, de fácil tratamento.

– Carcinoma de Células de Hurthle: também conhecido como carcinoma de células oxífilas, ocorre em cerca de 3% dos casos, é difícil de ser diagnosticado e tratado.

– Carcinoma Medular: um tipo raro e agressivo, afeta cerca de 3% dos casos, mais difícil de tratar e com menor chance de cura. Está relacionado com algumas síndromes genéticas e pode se disseminar para gânglios linfáticos, pulmões e fígado.

– Carcinoma Anaplásico: é muito raro, afeta cerca de 2% dos casos e possui um crescimento rápido que em pouco tempo pode atingir pulmões, ossos e fígados.

 

Sintomas da doença

Quando diagnosticado precocemente, o tumor tem cura, mas para isso é necessário estar atento aos sintomas que podem indicar o desenvolvimento do câncer:


– Aparecimento de nódulo ou caroço no pescoço, que normalmente cresce rapidamente;

– Inchaço no pescoço devido ao aumento de ínguas;

– Dor na região da frente da garganta;

– Ronquidão ou alteração na voz;

– Dificuldade para respirar, com a sensação de algo preso na garganta;

– Tosse persistente;

– Dificuldade para engolir;

– Sensação de compressão na traqueia.


Diagnóstico

O diagnóstico é feito por meio do exame clínico de palpação da glândula, seguido de uma ultrassonografia da tireoide que é realizada por um endocrinologista. A biopsia de aspiração por meio de uma agulha fina é capaz de identificar a presença ou não de células tumorais malignas.


É importante realizar um exame de sangue para verificar as quantidades de hormônios TSH, T3, T4 e tireoglobulina, pois podem indicar possíveis alterações na tireoide.

 

Tratamento do câncer de tireoide

O tratamento do câncer de tireoide leva em conta o tipo e a gravidade da doença, mas as principais opções incluem cirurgia, iodoterapia e hormonioterapia. Em casos mais graves, pode ser necessária a interferência de quimioterapia e radioterapia.


Cirurgia: mais conhecida como tireoidectomia, onde é feita a retirada de parte total ou parcial.


Iodoterapia: logo após a retirada da glândula, o paciente receberá doses terapêuticas de iodo radioativo que serve para eliminar todas as células da tireoide e os vestígios do tumor.


Reposição hormonal: deve ser feito o uso de levotiroxina, que substitui os hormônios produzidos pela tireoide.


Radioterapia: associada ou não à quimioterapia, é recomendada em casos de câncer mais agressivo, como carcinoma medular e o carcinoma Anaplásico.


O que tem mudado, no entanto é que as condutas têm sido mais conservadoras. Ou seja, cada vez mais a cirurgia tem sido mais econômica (tireoidectomia parcial ou lobectomia em vez de tireoidectomia total), e as indicações de ido radioativo tem sido cada vez mais restritas.